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sexta-feira, 1 de abril de 2011

ETERNO CHE

No poema Lisboa revisitada, Fernando Pessoa escreveu: “(…) só és lembrado em duas datas, aniversariamente: quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste (..)”. Ernesto Che Guevara parece uma dessas pessoas que só são lembradas no aniversário de sua morte. Com freqüência, exalta-se a figura do herói-mártir do voluntarismo revolucionário, do guerrilheiro heróico. No último dia 14 de junho, Guevara completaria 80 anos. Mais uma vez, as poucas referências ao seu aniversário natalício não mencionaram outras dimensões da vida deste ser profundamente complexo e humano.
Guevara passou por várias metamorfoses ao longo da vida, e essas mutações bruscas foram a marca de sua personalidade. Teve muitas vidas simultâneas – a do viajante, a do médico, a do aventureiro, a do crítico social - que se condensaram e se cristalizaram, por fim, em sua experiência de condottiere, como gostava denominar-se. No entanto, pouco se escreveu sobre a paixão que tinha pela leitura, que remonta à sua infância, e que o acompanharia até seu assassinato na Bolívia.
De acordo com o próprio Guevara, seu interesse pela leitura começou ao tentar ocupar-se durante os ataques de asma, quando seus pais o obrigavam a ficar em casa, fazendo inalações prescritas por eles. Devido às crises, a mãe ensinou-o a ler, pois muitas vezes ele não pôde ir à escola. A partir de então, Guevara se transformou num leitor voraz. Alberto Granado, o amigo que o acompanhou na viagem pela América do Sul, ficou intrigado quando descobriu que o jovem Ernesto “já estava lendo Freud, gostava da poesia de Baudelaire e lera Dumas, Verlaine e Mallarmé em seu idioma original, bem como a maioria dos livros de Émile Zola, os clássicos argentinos, como o épico Facundo de Sarmiento, e as mais recentes obras de William Faulkner e Jonh Steinbeck”. [1]
Ao longo de sua trajetória, Guevara procurou unir a leitura à vida. Como leitor, buscava completar o sentido de sua vida por meio de imagens extraídas das leituras que fazia. Assim, viveu a partir de certos modelos de experiência que leu e procurou repetir e realizar; encontrou em cenas lidas um modelo ético de conduta, a forma pura da experiência. Cortázar escreveu um conto, sobre uma passagem na sua vida, em que el Che, ferido, pensando que está à morte, lembra-se de um relato que leu. Assim escreveu em Passagens da guerra revolucionária: “Na mesma hora comecei a pensar na melhor maneira de morrer, naquele minuto em que tudo parecia perdido. Lembrei-me de um velho conto de Jack London, em que o protagonista, apoiado no tronco de uma árvore, toma a decisão de acabar a vida com dignidade, ao saber-se condenado à morte, por congelamento, nas regiões geladas do Alasca. É a única imagem de que me lembro”.
A vida de Guevara foi marcada pela constante tensão entre o ato de ler e a ação política: a leitura, na figura sedentária do leitor e prática, do guerrilheiro que avança. Mais que paixão, a leitura era para ele uma dependência. “Minhas duas fraquezas fundamentais: o fumo e a leitura”. E leitura feita em situações de perigo, em situações extremas, fora de lugar, em circunstâncias de desorientação, de ameaça, de morte. A leitura opondo-se a um mundo hostil, como restos ou lembranças de outra vida. No excelente ensaio Ernesto Guevara, rastros de leitura, o escritor Ricardo Piglia define esses momentos do guerrilheiro nos intervalos da marcha contínua: “essas cenas de leitura seriam o vestígio de uma prática social. Trata-se de uma pegada - um tanto borrada -, de um uso do sentido que remete às relações entre os livros e a vida, entre as armas e as letras, entre a leitura e a realidade". [2]
Existem duas fotos extraordinárias da revolução cubana. Numa Che lia uma biografia de Goethe num acampamento guerrilheiro. A outra captou o momento em que lia na Bolívia, em cima de uma árvore, em meio à desolação e à experiência terrível. Trata-se de Guevara como o último leitor
Para Guevara, a leitura foi como um filtro que lhe permitiu dar sentimento à experiência. Um espelho que a definia, dava-lhe forma. Além disso, a leitura serviu como metáfora da diferença entre sua vida política e a pessoal, permanecendo como um resto do passado, em meio à experiência da ação pura, do desprovimento e da violência. Isso já era percebido no período da luta em Cuba. Em um testemunho sobre a experiência da guerra de libertação cubana, alguém afirma, referindo-se ao Che: “leitor incansável, abria um livro quando fazíamos uma parada, ao passo que nós, mortos de cansaço, fechávamos os olhos e tratávamos de dormir”. Há uma foto conhecida dessa época, em que lia uma biografia de Goethe num acampamento guerrilheiro. Outra foto extraordinária, captou o momento em que lia na Bolívia, em cima de uma árvore, em meio à desolação e à experiência terrível. Trata-se de Guevara como o último leitor.
Ademais, costumava registrar em seu diário a experiência pessoal e a coletiva a qual estava inserido inteiramente. Escrevendo, Guevara fixou a experiência em si, o que permitiria em seguida ler sua própria vida como se fosse a de outro, e reescrevê-la. No entanto, o Diário da Bolívia é excepcional, por não ter sido reescrito.
Na marcha da história, o leitor sobrevive em Guevara, sob o eterno conflito entre ação do ser político e a leitura do ser isolado, sedentário, reflexivo. Há um relato sobre o primeiro combate da guerrilha boliviana em que estava lendo estendido em sua rede, enquanto esperava o momento exato do início à emboscada. Ainda no país andino, quando por fim é capturado, no dia 8 de outubro de 1967, Che, sem forças, carregava seus livros, dos quais não abriu mão, enquanto todos os outros já se haviam desfeito daquele peso supérfluo.
Nos momentos finais de vida, uniram-se o Che leitor e o Che político, talvez porque estiveram juntos desde o início. Enquanto estava preso na escolinha de La Higuera, aguardando ser assassinado, Julia Cortés, professora e única a assumir uma atitude solidária com Ernesto, foi levar-lhe de casa um prato de comida. Quando entrou na sala, encontrou o Che jogado no chão, ferido. Então – e estas seriam suas últimas palavras - Guevara mostrou-lhe uma frase escrita na lousa e disse que a mesma não estava correta; com enfática perfeição, falou: “falta o acento”. A frase era “yo sé leer” (‘eu sei ler’). Por uma dessas ironias do destino, como um oráculo, uma cristalização quase perfeita, a frase que Guevara corrigiu tinha a ver com leitura.
Como afirma Ricardo Piglia, Guevara “morreu com dignidade, como o personagem de Jack London”. Morre o homem. Ficam suas idéias, sua determinação, seu exemplo.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Serviço Social

RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL


Após a II guerra mundial   a crise internacional do Serviço Social aclamado pelas necessidades de mudança teve como caráter o movimento de  reconceituação. Para uma contribuição na superação do subdesenvolvimento, os Assistentes Sociais abre em cheque para um enfrentamento que marcaria o Serviço Social. Os movimentos libertários da época de 1960 questionavam o capitalismo, que mantinha sob controle os trabalhadores para expandir seu capital. Foi então que surgiram reflexões sobre o Serviço Social Tradicional (que era fruto do capitalismo) aclamando por mudanças  de atuação. As mazelas causadas pelo capitalismo, a sociedade necessitava de transformações urgentes para as demandas sociais e culturais que vinham surgindo. O Serviço Social buscou vinculações com a política governamental estabelecendo debates e conferências em todo o mundo com a finalidade de rever seus conceitos. O questionamento da dominação norte-americana trouxe a ruptura com o Serviço Social tradicional. Um debate coletivo trouxe à tona uma dimensão política da profissão e a grande necessidade de sua reconceituação. Uma nova identidade do Serviço Social nascia constituída de intervenções políticas. Avanços significativos  proporcionaram uma disciplina profissional mais organizada.

A erosão do “Serviço Social internacional” na década de 1960 para 1970  teve como questão manifestações e reivindicações contundentes quanto à transformação imediata, um Serviço Social voltado para a América latina. Houve também uma ruptura com o Serviço Social americano com a finalidade de sermos independes e lutar por uma libertação nacional. Nessa época o desenvolvimento do nosso Brasil requer uma reformulação na metodologia do tradicionalismo, o reconhecimento de políticas urgentes para as problemáticas que esse tempo vinha enfrentando. A crise dessa época fortalecia o setor privado e o capital internacional. Os movimentos de base opuseram-se contra o crescimento acelerado da economia, e seus interesses eram mobilizados por várias classes subalternas, lutando pelos seus direitos de cidadãos. A cidadania era nitidamente negada à sociedade. Repressões, prisões, exilamentos, falta de democracia, suspensão dos direitos constitucionais, censura e perseguição política permitiu que indagações viessem contra o tradicionalismo do Serviço Social. O regime militar na década de 1960 governava e liderava o Serviço Social para que a sociedade fosse amparada no assistencialismo como aparato de caridade.

Em 1964 o governo João Goulart apresentou  propostas de reformas para a melhoria de condições à sociedade e um plano de reformas econômicas, porém foi derrubado pelos conservadores capitalistas que não aceitava o socialismo.
 Em 1968, a  necessidade de aperfeiçoar o Assistente Social no âmbito de sua nacionalidade emergiu como direito. A visão do tradicionalismo conservador era positivista, imperialista e assistencialista. As demandas da época e as  condições subalternas da sociedade por conta do poder proliferam grandes manifestações de cunho internacional, porém a ditadura manteve essa reconceituação inconclusa, mas não esquecida. A reconceituação nasceu forte e cresceu forte. Sua base foi um processo de autoconsciência e por conseqüência permaneceu irredutível.
O serviço social buscou acompanhamento e avaliação no desenvolvimento de ações dentro dos setores populares. Porém a reconceituação foi vetado. Os debates e conferências realizadas pelos Assistentes Sociais deram origem a dois documentos importantes da época: documento de Araxá (1967)e documento de Teresópolis (1970). E como materialização surgiu o documento de BH.

Era um inicio de um Serviço Social radical e político e eficaz em uma esfera amplamente articulada a uma luta pelos direitos dos cidadãos. A profissão buscava coordenar técnica, metodologia e compromisso com a sociedade. Em 1980 a reconceituação ganha força contra o tradicionalismo conservador e a qualificação acadêmica é voltada para as ciências sociais e na pesquisa. Hoje o Assistente Social intervém nas políticas públicas de modo a agir diretamente com o indivíduo, famílias, grupos, comunidades e empresas.  


Conclusão




Hoje o Serviço social herdou duas heranças do passado: uma má e outra ruim. A má é que as questões sociais são das mais diversificadas decorrentes do capitalismo (originado no final da Idade Média). O nascimento de mercadorias a troco de dinheiro fez com que o homem perdesse a sua identidade como ser humano causando as desigualdades. O acúmulo de riquezas gerou em seu âmbito uma totalidade de servidões aclamando por liberdade.  Os fundamentos histórico-metodológicos do Serviço Social a partir da reconceituação obtiveram resultados, sobretudo embasado no ser humano dentro da sociedade. Um processo de reprodução do indivíduo em busca de dignidade. Apesar de a atuação do Assistente Social ter varias dimensões, ela torna-se uma mesma totalidade dentro do contexto social, visando uma mesma direção.
As transformações sociais vêm ocorrendo a cada época, necessitando sempre de mudanças e estratégias eficazes, onde o Serviço Social  traça seu caminho nos conhecimentos que constituem as relações sociais mais saudáveis. A reconceituação foi um momento histórico para a profissão do Assistente Social. Evidenciou um espaço concreto para as conquistas no decorrer dos anos. Um processo constituído de rupturas fundamentais para o crescimento do Serviço Social e sua ciência. Ao compreender a reconceituação, entendemos que as demandas postas pela questão social requerem mais que profissionalização ético-politico: requer uma intervenção expansiva na sociedade com a finalidade de tornar as relações deste mundo um pouco melhor.



Referências bibliográficas



NETTO, José Paulo – Artigo - O Movimento de Reconceituação – 40 anos depois, Serviço Social & Sociedade 84, novembro 2005.

MACÊDO, Myrtes de Aguiar – Reconceituação do Serviço Social: Formulações Teóricas, 2ª edição, São Paulo: Editora Cortez, 1982.
RIGO, Rosangela – Artigo - A Erosão do Serviço Social Tradicional no Brasil publicado 4/12/2008 http://www.webartigos.com

quarta-feira, 30 de março de 2011

Nosso tempo de vida é muito efêmero, como a neblina pela manhã. Por isso, ninguém deve carregar consigo a idéia fixa de que não é feliz. Tal sensação é uma agressão à natureza humana. Todavia, ninguém pense que a felicidade seja sinônima de uma vida sem problemas. Isso é devaneio, ingenuidade! Afinal, nossa existência não é um conto de fadas. Nesta vida, ninguém tem imunidade contra a dor e os dissabores. Portanto eu vou mudar, jamais direi não posso, não sou... nunca
Nosso sono deslumbra sonhos e amargos pesadelos. No corpo, convivem a saúde e a doença, o vigor e a fadiga. O coração ama e aborrece como a alma se alegra e se entristece. O lar pode ser um pedaço do paraíso ou do inferno.
Vi escrito numa folha qualquer, seu escritor um pastor e psicólogo que “ a vida reclama a arte do equilíbrio”. “Tal experiência é adquirida por meio da serenidade, da moderação, do despojamento do eu e da simplicidade e que a felicidade é também um desafio que se renova a cada instante”.
Por isso chega, vou  por ordem nos meus pensamentos, arrumar a casa ahaha.
Olha só, Charlie Chaplin, olhando esta foto lembro-me que disseste: “A vida é uma peça de teatro, mas que não tem tempo para ensaios, por isso viva intensamente, cante , dance, ria chore se preciso for” ora i poderia complementar, espante o medo e a tristeza e procure a beleza e a riqueza que há em viver sem remorsos, culpas afinal fracassos, desilusão fazem parte do pacote e pode-se reciclar e conseguir um uso adequado pára todas as coisas ,
 Obrigasda Charlie por me lembrar que a vida é para ser vivida, experimentada com intensidade e a felicidade, o sonho realizado está exatamente aí na resiliência, na superação e no desejo de mente e coração, uma escolha que faço,    VIVA A VIDA E LÁ VOU EU....